quarta-feira, 14 de novembro de 2007

PREPARE-SE PARA PASSAR DOS 80


PREPARE-SE PARA PASSAR DOS 80


A obra mais famosa do grande escritor francês Honoré de Balzac, que
viveu
na primeira metade do século 19, deu origem ao termo “balzaquiana”,
usado
até hoje para designar um certo grupo de mulheres. Ao ler os textos
desse
livro nos dias de hoje, muitos podem pensar que o autor se refere a
mulheres de 40 ou 50 anos. Entretanto, o título da obra é “A Mulher de
Trinta Anos”.

As conquistas da medicina no século 20 alteraram profundamente a
expectativa de vida e o comportamento das pessoas. Na época em que
viveu
Balzac, os idosos eram aqueles com pouco mais de 50 anos – o próprio
escritor não sobreviveu além dos 51. Hoje passou a ser comum
encontrarmos
sexagenários freqüentando academias e esbanjando saúde. No entanto, os
ganhos de longevidade e qualidade de vida não foram incorporados por
todos. No Brasil, uma parcela da população tem expectativa de vida
semelhante à de países europeus, enquanto outros estão mais próximos
das
estatísticas africanas.

:: Expectativa de vida e reserva financeira

Na média, os brasileiros ganharam 20 anos de vida nas últimas cinco
décadas. E se você está lendo este artigo agora, é provável que sua
expectativa de vida se aproxime muito mais da média européia. Saber
quanto
tempo uma pessoa vai viver é praticamente impossível, mas avaliar a
expectativa de vida da população é relativamente fácil. Para isso,
existem
as tábuas atuariais, que são tabelas com as probabilidades de
sobrevivência e morte de um grupo de pessoas. Essas tábuas são
utilizadas,
por exemplo, por planos de previdência privada. As mais comuns são:
AT-49,
AT-83 E AT-2000.

Alguém que planeja o futuro acaba se deparando com a grande incógnita:
quanto tempo vou viver? Ao fazer um planejamento financeiro, as pessoas
em
geral cometem dois erros, ou poupam muito e morrem antes de aproveitar
a
poupança, ou poupam pouco e ficam sem dinheiro na velhice. Ainda
persiste
no imaginário popular a idéia que a idade limite para aposentadoria é
de
60 anos para as mulheres e de 65 anos para os homens. Consultando a
tábua
veremos que a expectativa média é que as mulheres vivam mais 26,5 anos
após os 60 e os homens mais 19,5 anos após os 65.

Importante notar que, se a expectativa é de que metade das pessoas
ultrapassem essa média, não basta ter reservas financeiras que se
esgotem
ao atingir a expectativa de vida. As mulheres também precisam ter mais
reservas financeiras do que os homens, já que elas provavelmente
viverão
mais tempo. Eliana Bussinger, no livro “As leis do dinheiro para
mulheres”, aborda com propriedade a necessidade da mulher se programar
para o futuro.

Outro fator de mudança social é que na sociedade do conhecimento é
preciso
estudar cada vez mais. O que faz a entrada no mercado de trabalho ser
cada
vez mais tardia. Hoje, nas camadas mais abastadas da sociedade, é comum
uma pessoa procurar seu primeiro emprego depois dos 25 anos.

:: Problemas com a previdência oficial

Muitas pessoas ainda acreditam que o governo vai resolver tudo e que
teremos um sistema social que vai amparar toda a população com
dignidade.
Particularmente, estou entre aqueles que não acreditam nisso. As
estatísticas revelam que as pessoas com mais de 65 anos, que
representam
5,4% da população, serão 19,2% da sociedade brasileira em 2050.

Considerando um regime de caixa simples, onde os empregados atuais
sustentam os aposentados (sistema que previdência social usa
atualmente),
serão necessários dois trabalhadores na ativa para sustentar um
aposentado. Não acredito na viabilidade dessa situação. Por isso,
aconselho a todos que se preparem para os novos tempos.

Como é possível se preparar para esse futuro e formar um grande pecúlio
para a aposentadoria, se as necessidades de consumo são tantas, os
juros
estão em queda e tendo que sustentar o estudo dos filhos por mais
tempo? É
este o nó górdio que desafia a classe média.

:: Um plano de aposentadoria de 40 anos

Alexandre Magno sacou a espada e cortou o nó de uma só vez, mas não
acredito que possamos resolver tais questões da mesma maneira. São
necessárias cinco pequenas ações para construir a independência
financeira
futura:

1. Adira a um bom plano de previdência privada, principalmente da
parcela
dedutível do Imposto de Renda.

2. Vá além do plano de previdência. Crie o hábito de reservar uma parte
dos seus rendimentos para fazer bons investimentos. Lembre-se que
poupar é
gastar menos do que se ganha e investir é fazer essa poupança render.
Definitivamente, é preciso entender os conceitos de risco e retorno e
aprender a conviver com mercados que apresentem maior volatilidade,
como
as bolsas de valores.

3. Aloque um tempo da sua vida para educar-se financeiramente e,
principalmente, para a educação financeira de seus filhos. Filhos sem
educação financeira desestruturam as finanças dos mais regrados pais.
Pais
que não têm educação financeira serão enormes pesos no futuro de seus
filhos.

4. Pense longe. Com juros menores e mais tempo de vida, é fundamental
pensar em planos de aposentadoria que durem mais do que 30 anos. Ao
aumentar o tempo de contribuição de 30 para 40 anos, o valor dos
aportes
mensais cai pela metade, considerando uma taxa de juros reais de 6% ao
ano.

5. Aposente-se aos poucos. Maior expectativa de vida significa
aposentadoria cada vez mais distante. Sendo assim, pense em
alternativas
para melhorar e incentivar esse tempo extra de trabalho. Leis podem ser
alteradas para permitir regimes de trabalho diferenciados para faixas
etárias específicas, como dois ou três meses de férias por ano ou
redução
da jornada de trabalho para quem já passou dos 60. Nas universidades,
por
exemplo, os professores que atingissem a terceira idade poderiam
trabalhar
apenas um semestre por ano.

Esses cinco passos não são, de maneira alguma, os únicos possíveis.
Porém,
acredito que precisamos entender que o sistema previdenciário atual não
é
sustentável e que as aposentadorias do setor público não são viáveis da
forma como estão. Também é fundamental avaliar que existe no Brasil uma
classe de renda mais baixa que vive menos, começa a trabalhar antes e,
portanto, deve se aposentar mais cedo. Já a classe média e alta pode se
aposentar depois, sendo que é preciso inverter o que acontece
atualmente.

Precisamos entender que essas mudanças não são culpa do partido A ou B,
do
presidente passado, atual ou futuro. A verdadeira culpada é a medicina,
que fez com que vivêssemos por mais tempo e com mais qualidade de vida.
De
minha parte, prefiro agradecer os verdadeiros culpados pelos problemas
apontados. Fico muito feliz por ter ganhado quase 20 anos de
expectativa
de vida desde que nasci.

Na próxima semana trataremos de uma alternativa interessante para quem

está próximo da aposentadoria e ainda não se preparou adequadamente.
___________________________________________________________________________

Nenhum comentário: